Cada palavra que foi dita, cada palavra que foi escrita teve a necessidade de ser esquecida, de ser apagada de um fragmento da memória para que a vida seguisse em frente. Os pedaços daquele ambiente – que eram frequentemente visitados – passaram a ser evitados para que o esquecimento fosse mais rápido.
Se eu mantivesse tudo intacto, com toda certeza, pararia no tempo e viveria de um passado que só minha cabeça criou. Foi algo inexistente, foi criação da minha mente e eu – aquela que jurou que nunca passaria por isso, aquela cheia de pudores – se deixou levar acreditando numa história que mais parecia um monólogo, onde eu era atriz principal.
Tantos diálogos foram travados entre minha vã consciência e minha própria pessoa. O pior de tudo é ter tido a ilusão de ter algo, sentir a perda e depois perceber que nada foi perdido. Como dizem: “como sentir que perdeu algo sendo que nunca teve?” Essa sensação é estranha, mas é real e incomoda muito. Dá a sensação de impotência, incapacidade. E de frustração também.
O que se torna incômodo é ter se exposto demais, avisando que nada seria fácil e ter oferecido o livre arbítrio para uma possível desistência. Mais complicado ainda é ter sido julgada sem o entendimento dos demais. É impossível aceitar tal julgamento e opinião de pessoas que não passaram pelas experiências que passei.
E o que me resta é crescer, relatar e escrever. Tornar uma pouco mais forte. Dessa vez sei que endureço ainda mais... E quer saber “da luta não me retiro, me atiro do alto e que me atirem no peito, da luta não me retiro.”*
* O Teatro Mágico
2 comentários:
Seja menos dura com você mesmo Gabi !
Isso não foi uma criação , foi um evento mal sucedido, por assim se dizer.
Não se preocupe, como outros similares, este também vai passar.
Exigente. Definição mais clara para muitos seres humanos. Buscamos no êxito das nossas tarefas aquilo que por natureza não temos. Buscamos sempre ser aquilo que não podemos. Ultrapassamos os nossos limites e ainda não encontramos o que procurávamos. Relaxe. Aproveite aquilo tudo que a vida lhe oferece. Precisamos daqr um tempo aos nossos caprichos, afinal, tudo é efêmero. Hoje estamos tristes, amanhã felizes. Renascemos para a vida todos os dias ao acordarmos. Os nossos árcades já diziam: Carpie Diem!
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