terça-feira, 30 de junho de 2009

Criadora de mundo.

Não era nada além de mais um dia chuvoso em que Mirian passava em sua casa apenas lendo, ouvindo música, escrevendo e assistindo filmes debaixo de suas cobertas.
Havia criado um ciclo e essa era sua rotina atual. Diariamente levantava da sua cama as 12h00min, seguia diretamente para o banheiro e escovava os dentes, logo depois se alimentava e aquele ciclo começava.
Em primeiro plano assistia a um filme, logo após seguia para o seu quarto, se deitava em sua cama e lia alguns capítulos do livro que estava lendo. Por vezes trocava a leitura por pensamentos que tratava com sua mente, formando assim um diálogo interno.
Ora trocava tais pensamentos por simples cantorias. Cantava tudo o que lhe dava na telha. Obviamente fazia isso sozinha porque sabia que sua voz não era nada agradável. Quando se sentia inspirada escrevia, escrevia sobre assuntos diversos.
Como tudo que é rotineiro cansa, Mirian resolveu dar uma volta pela sua cidade e decidiu que durante a tal caminhada criaria seu próprio mundo, deixaria que sua imaginação tomasse conta totalmente de seu ser. E foi exatamente isso que fez.
Enxergava as ruas de um modo completamente colorido, personagens de sua infância se tornaram reais por um instante. Era uma mistura de “O Mágico de Oz” com “A Bela e a Fera”, e uma pequena mistura de “Doug Funny.”
As pessoas eram realmente felizes em seu mundo, tudo parecia um desenho animado, uma história em quadrinhos, algo que para ela era real naquele momento.
Seguia pelas ruas e em cada canto enxergava e revivia momentos marcantes de sua vida. Conforme andava, cada lembrança a seguia e Mirian se sentia cada vez mais emocionada.
Tais recordações a seguiram até o caminho de casa. Abriu os portões, as portas e sentiu que cada acontecimento voltava para dentro de si. Finalmente entrou em sua casa, sentou-se no sofá da sala e percebeu que aquele dia tinha sido o melhor de sua vida. E foi a partir dai que deixou a imaginação fluir naturalmente a cada passeio que dava pela cidade, passando a ser criadora de seu mundo independente do lugar onde se encontrava.

2 comentários:

André Luiz . disse...

O mundo de dentro é o mais belo, o perfeito, aquele que nós construímos com o mesmo cuidado que a natureza desenha e perfuma uma flor, com toda a perfeição.
São emaranhados de lembranças boas, de vivências ricas e de pessoas marcantes montadas num arranjo acertado daquilo que ilumina e faz brilhar nossos olhos na medida em que tranquiliza o nosso coração.
Ainda que o presente seja firme e o futuro promissor, as lembranças ainda nos confortam e sem elas não teriamos força pra retomar a caminhada após as quedas da vida.

Fabíola F. disse...

Olá...
Sartre, filósofo existencialista certa vez disse que "vamos nos descobrir na rua,na cidade, por entre as pessoas, nas multidões..."

Sabe quando você anda, sem rumo, e depois volta confortável, mais leve, pensamentos, lembranças, saudades, histórias para contar.É tão bom.

Eu ainda sinto falta...