Deixe-me, felicidade, incessante.

“Deixe-me passar, deixe-me ser exatamente quem sou”, foi exatamente o que Marina pensou naquele dia nublado de inverno. Cansada de ser desdenhada pelos outros, do falso moralismo das pessoas, o que ela mais queria era ficar sozinha. Não entendia o porquê das pessoas falaram uma coisa e agiram de outra forma. Com certeza estava pagando o preço por ser diferente.
Era tão diferente que pensava nos outros antes de pensar em si mesma, de tal modo que, as vezes se esquecia de viver para si e de se colocar em primeiro plano. Por se esquecer sofria. Não conseguia esperar pelos demais, agia para si, pelo outro e pelo conjunto de “si” com o “outro”. Espera era um vocábulo desconhecido, faltoso no abrangente léxico que possuía.
Desde pequenina era assim. Viveu anos da vida presa numa realidade inexistente e só conheceu o mundo real a partir da fase pré-adulta. Seus princípios se confrontavam, se desequilibrou por vezes, achou que não teria estrutura o suficiente para aguentar os novos desafios da vida. E aguentou. Acreditem, ela aguentou.
Está aguentando ainda, e tem a plena consciência que muita coisa ainda está por vir. Por ter pensamento positivo, por ser otimista, começou a acreditar que as coisas seriam mais fáceis, e realmente foram. Quer dizer, nada é fácil, essa é a verdade, mas o primeiro passo para deixar que determinada situação se torne menos complicada e difícil parte do interior de cada um de nós. E foi exatamente isso que Marina fez.
Sabia que tudo na vida é questão de costume. Um dia se tem algo, no outro dia, sem ao menos perceber, em um passe de mágica aquilo que tem um grande valor pode ser perdido. E é ai que não se pode parar, é ai que é necessário a busca incessante pela felicidade. Nem que a felicidade esteja em um simples fim de tarde.