- Eu gosto do inverno
Foi o que você disse depois de uma pequena pausa, logo depois de uma madrugada inteira conversando sobre qualquer coisa que nos vinha na mente. No chão, vários copinhos descartáveis vazios de café e em cima de um dos móveis a garrafa térmica, com o mesmo líquido, pela metade. Essa foi nossa receita para nos mantermos acordados por tanto tempo.
Olhando para o teto e imaginando cenas, fui ouvindo atenciosamente tudo o que você dizia. Comentava sobre suas viagens, criava histórias mirabolantes e dizia que ainda tinha muita vida para realizar mais que a metade de seus sonhos.
-Quero ter uma casa do lago para poder morar na minha velhice
Foi o que eu disse depois de você ter dito a palavras “sonhos”. Conclui dizendo que queria companhia para me aquecer nos dias de frio e para me alegrar nos dias de verão; isso por todos os dias da minha vida. E para complementar, disse que esse alguém teria um texto diariamente esperando em cima da cama com palavras belas e de afeto.
Você, com seus imensos olhos castanhos, ficou olhando um tempão para mim. Fiquei extremamente corada e você notando isso disse que queria muito uma casa, uma companhia, largar tudo por um tempo e viver só de amor, só de sentimento.
Foi assim que descobri como gosto de te descobrir, como gosto quando fala do nada sobre você, como adoro quando simplesmente quebra o silêncio para dizer alguma coisa que não sei e que sabe que assim vai me surpreender.
Entre primaveras, verões e outonos, escolhemos e criamos nosso próprio inverno. Um inverno repleto de flores, calor e renovação. De fato, você deu mais sentido aos meus invernos e virou preferência climática no meu coração.
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