Nunca imaginei que fosse chegar a esse ponto. Nunca imaginei que fosse estar lúcida para escrever tais palavras. Por mim adiaria esse momento, como já cheguei a adiar por inúmeras vezes. Mas não dá mais. Não há mais condições de insistir.
Faz dias que não me encontro no meu estado normal. Ando oscilante; muito mais do que já sempre fui. Tenho travado as palavras na garganta, desviado as batidas do coração. Tenho tentado mudar o foco, por assim dizer.
Só que na verdade, carrego tudo isso comigo. Não há como pedir um divórcio, um desquite, uma separação. Esse corpo estranho sempre estará comigo. Divide os momentos, as falas, os pensamentos. Toma atitudes não pensadas por mim. E não se responsabiliza pelos seus próprios atos.
Tenho plena consciência que meu erro foi ter feito às coisas certas. Quem me dera ter errado ao menos um pouquinho. Quem sabe as coisas seriam diferentes agora. Na verdade, tenho medo de me libertar de tudo isso. Simplesmente abandonar as coisas do jeito que estão e seguir em frente.
E se esse corpo estranho for o alicerce do meu edifício? Por ora sei que me sentirei perdida por uns dias. Que sentirei falta de um pedaço do corpo que não terei mais. Por enquanto é assim. Estou me despedindo provisoriamente, já que não tenho coragem o suficiente para dizer um Adeus definitivo.
Um comentário:
As vezes estamos tão acostumados a viver de tal jeito, acostumados com a dor que quando decidimos colocar um ponto final na mesma, ficamos perdidos sem saber como serão as coisas daqui para frente sem ter aquela sensação que nos acompanhava a tanto tempo e que era rotineira.
Eu adoro a maneira como tu escreves, Gabi. Sério mesmo.
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