domingo, 25 de julho de 2010

Melhor pra mim

Escrito ao som de Melhor pra mim do Leoni.

Depois de três anos de namoro, resolveram se casar. Maio, foi o mês escolhido. Prepararam os convites e foram entregar pessoalmente na casa dos convidados. Contrataram a melhor costureira, alugaram o salão de festas mais bonito e escolherem o arranjo de flores mais vistoso para enfeitar a igreja.
Além de ter escolhido um casal de tios, também escolheu dois dos melhores amigos para apadrinhá-la. Ele chamou os pais e alguns amigos de infância para presenciarem do altar, o momento mais feliz de toda sua vida.
Finalmente, depois de tanta ansiedade, o tão sonhado dia chegou. Às três horas da tarde, Guilherme já esperava Ana no altar. Como de costume, a noiva chegou atrasada e entrou ao som de Yann Tiersen. Estava linda.
Disseram “sim”, mesmo sabendo que a partir daí a vida mudaria completamente. E mudou. Guilherme quase saiu de casa por conta de uma das discussões. Faltou pouco para Ana retornar à casa dos pais. Apesar das inúmeras brigas, tiveram momentos maravilhosos. Como as vezes que iam até o Parque do Ibirapuera fazer piquenique e andar de bicicleta.
Infelizmente nem sempre tudo é do jeito que se deseja. Já com vinte anos de casados, não freqüentavam mais o parque; não andavam mais de bicicleta. Os diálogos acabaram se transformando em gritaria. Uma simples palavra desenrolava discussão.
Foi em uma das brigas que ele saiu de casa. Pegou as malas, tirou as roupas do armário e nem as lágrimas de sua amada mudaram a decisão de partir. Decidiram se separar. No fundo, era melhor assim.
Por conta da mudança de vida, Ana passava as madrugadas acordada. Olhava os álbuns de fotografia na esperança de que ele batesse em sua porta. Não prolongava muito as conversas ao telefone, esperando a ligação dele. E nada, nenhuma procura.
Um mês já tinha se passado e ela, desistido. Voltou a dormir no horário normal, não parava mais a vida por um ausente. E foi em uma dessas noites que a campainha tocou. Era ele. Entrou, sentou e foi logo ao assunto: “a audiência de nossa separação é no sábado agora”. Sem saber o que dizer, começou a chorar feito uma menina e disse, com a voz trêmula:

- Rezei pra que você mudasse de opinião. Para que você entrasse por aquela porta dizendo que prefere ficar do que partir.

O rapaz, com os olhos cheios de lágrima, virou para o lado direito, olhou bem para os olhos de sua eterna amada e disse:

- Quando toquei a campainha e ouvi seus passos, rezei para que você me pedisse para ficar. Para que, de alguma maneira, impedisse minha partida.

Abraçaram-se e choraram de emoção. Juraram que nunca mais se separariam porque se amavam de verdade. Ana levantou-se do sofá e pegou, no armarinho da sala, o papel que anularia o matrimônio. Cada um pegou uma ponta e rasgaram juntos. Início de novos capítulos para uma velha história.

Há amores que duram para sempre.

3 comentários:

André Luiz . disse...

Eu sinto tanta esperança quando leio esse tipo de texto que você faz, Gabi, é como se no último segundo o jogo virasse e a gente pudesse ser feliz. Eu sonho com situações assim.
Parabéns!

Unknown disse...

Nossa! Que lindo. Tu consegues fazer com que o rumo da história fique indecifrável para o leitor, não fique tão óbvio. Acredite, isso é um referencial nos teus textos.
Faz tempo que não passo por aqui, mas prometo que o farei mais daqui em diante. Saudades de conversar contigo, Gabi. Um beijo, @pequenatiss.

Luara Quaresma disse...

escreve muito bem!