quinta-feira, 15 de julho de 2010

Na fila

"A fila, a dúzia, o maço, um bocado
Um pedaço e um buquê..."


Ouve-se diversos tipos de diálogos na fila. Mães comentando com os filhos o que pretendem fazer no almoço ou na janta. Casais de namorados fazendo juras de amor em alto e bom som. Vizinhas que se encontram por acaso e tem como assunto preferido os últimos acontecimentos do bairro em que moram. Amigos que não se veem faz muito tempo e encontram oportunidade para colocar o papo em dia. [Quem sabe até rola um café].
Ouve-se também, outras mães brigando, ou melhor, praticamente gritando com as crianças arteiras que não conseguem ficar paradas. Pessoas que falam alto, e por falarem assim, fazem com que todo mundo saiba o que anda acontecendo na vida.
Na fila, ninguém está sozinho. Alguns puxam assuntos com outros. Falam sobre o clima, sobre as notícias que o jornal da noite passada mostrou, sobre a novela.
Comentam sobre as receitas do programa da Ana Maria Braga e quando se sentem mais íntimos, falam de si mesmos. Queixam-se sobre a família, as costas que doem, o que fizeram na vida e o que pretendem fazer. Conversam sem saber o nome um do outro porque raramente tem tempo para isso. E por instantes, são melhores amigos. Até quando o atendente chama “próximo” e cada um segue para um guichê diferente.

- Te vejo nas próximas filas. Se Deus quiser.

3 comentários:

Unknown disse...

Odeio casaisinhos romanticos que ficam cochichando e trocando selinhos.

Bláhh

Luce Mattos disse...

Bom texto.

André Luiz . disse...

É, talvez nunca estejamos sozinhos, basta abrirmos as portas, a vida é como água e vai brotar onde tiver espaço.