Conjuguei alguns verbos, usei todos os tempos verbais possíveis e cheguei à conclusão de que o melhor a se fazer é falar em primeira pessoa. Há certas coisas que não podem ser ditas através da terceira pessoa e nem contadas através de histórias.
Faz sete meses que sai da zona de conforto. Que abandonei algo que me doía muito e resolvi seguir em frente. Muitos podem até ficar chocados, mas, pois é... a dor era minha zona de conforto.
Já ouviram falar que os seres humanos têm o péssimo costume de se acostumar até mesmo com as coisas que os machucam? Então, o tempo passou e eu estava lá, com a vida parada, sentindo que todos os dias eram iguais aos outros e insistindo em algo que valia a pena, até então.
Criei limites intermináveis, parecia um disco riscado e velho de tanto que repetia a mesma coisa para os meus amigos, e sentia a minha alma pesada. Perdi as contas de quantas xícaras de café tomei, de quantas barras de chocolate comi e de quantos textos escrevi de maneiras diferentes, mas que tratavam do mesmo assunto.
Estava no limite do último limite quando, em uma noite, coloquei na balança o que mais valia a pena. De um lado havia a insistência e do outro, eu com medo do novo, mas com a chance de recomeçar.
Sem pensar demais, escolhi por mim. Decidi que seria umbiguista até quando fosse preciso. Tirei as fossas do som, dei descanso para as palavras e preparei o coração para tudo o que estava por vir.
Sabia que não seria nada fácil. E não foi.
Sentia saudades em doses incontroláveis. Alternava com rapidez o estar bem com o estar mal. Esperava que fossem reverter as minhas decisões. E era tomada por súbitas lembranças, mesmo quando não queria me lembrar.
Foi assim durante três semanas, até o momento em que decidi retornar para a minha vida. Não estava curada e na verdade, não era bem a cura o que eu buscava. Só queria ter um pouco de paz.
Para minha surpresa, consegui lidar melhor com a saudade, com os apertos no peito e com as lembranças. Não perdia e nem ficava semanas me sentindo mal. Por isso, dei mais espaço a palavras novas, a músicas diferentes e a pensamentos mais otimistas.
Já faz sete meses que abandonei a zona de conforto e me joguei de corpo e alma numa vida nova. E sem culpar ninguém e nem esperando nada de ninguém, digo que foi a melhor coisa que fiz. Ressurgi das cinzas mais paciente comigo e com o tempo.
As lembranças ainda aparecem na minha mente, mas diferente de antes, agora sorrio quando elas me invadem. Os dias ganham cores novas a cada dia. E eu, adepta das pequenas atitudes e dos pequenos prazeres, sigo acreditando no amor e mais do que nunca no poder do tempo.
Por mais difícil que seja, abandonar a zona de conforto é necessário.
Todo mundo merece uma nova vida, uma vida nova, um recomeço.
Boa sorte!
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