quarta-feira, 8 de abril de 2009

Metade frígida.

Meire nunca teve uma vida amorosa exemplar. Sempre gostou dos piores tipos, e olha que sempre foi certinha. Talvez o difícil, o complicado sempre a atraiu. Sempre acreditou que nasceu para fazer as pessoas mudarem, incluindo aqueles que não têm a mínima salvação.
Com o tempo se cansou, resolveu dar uma pausa para o seu coração, mas não conseguiu. É que no fundinho ela ainda desejava uma paixão avassaladora e foi exatamente isso o que aconteceu.
Apaixonou-se por um bonitinho ordinário, viveu um sentimento platônico de um ano e alguns meses. Antes de conhecê-lo era uma pessoa doce, carinhosa. Coisa que não era mais quando o conheceu. A doçura passou a ser amargura, de emoção virou razão, o carinho virou frieza. Não sentia, não sabia mais o que era fazer isso.
Passou por várias perrengues sentimentais por causa desse garoto. Fez tudo que pôde e o que não pôde para vê-lo feliz e em troca só ganhou o descaso, o desprezo. Ele sugava todas as boas vontades que a garota fazia. Só a procurava quando realmente precisava.
O que mais a frustrou foi o fato de ser correta demais. Sempre levou os sentimentos a sério, e gostava verdadeiramente dele. Enquanto isso o garoto não se importava, continuava sua vida se divertindo à custa dos outros.
Tudo mudou quando Meire decidiu tomar uma atitude. Não era certo continuar com algo que não fazia bem. Resolveu deixar a vida seguir, já que tudo mudaria no ano seguinte. O primeiro passo era esquecê-lo, deixar que a vida a permitisse fazer isso.
Realmente mudou de vida, conheceu pessoas novas, só que a frieza ainda existia. Continuava impossibilitada de sentir. E a segunda mudança, a segunda decisão era que só se importaria com as oportunidades boas que a vida poderia oferecer. Deixaria as coisas ruins, as oportunidades ruins e não se preocuparia tanto com elas.
As coisas já estavam tomando um caminho diferente, só que a frieza ainda estava com ela. Não sabia mais o que fazer. Quando de repente se deparou com alguém, alguém que tinha um apreço por ela. Alguém que estava disposto a ajudá-la.
Demorou alguns dias para aceitar a estima e o auxílio. Demorou um pouco para sentir reciprocamente, para voltar a sentir. Pouco a pouco, dia após dia um pedacinho do que era antes voltava a ser construído. A cada dia o sentimento aparecia, e a frieza partia.
As coisas ficaram mais leves, a vida um pouco mais colorida. Os objetivos continuavam os mesmos. E a única coisa que mudou foi o acréscimo de uma pessoa boa e incrível na sua vida. Que veio para ajudar, para ser um ombro amigo.

Um comentário:

Diego Costa disse...

"Ser criado, gerar-se transformar
o amor em carne e a carne em amor; nascer
respirar, e chorar e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E a começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."
MORAES- Vinicius (O verbo no infinito)


Amores são infinitos apenas para as nossas lembranças. Guimarães Rosa em 'Grande Sertão: Veredas' afirmou que o amor é como um feitiço, " feito coisa-feita" Não há como escapar dos nossos sentimentos. Mas o feitiço acaba um dia, e então poderemos falar que durou o tempo exato para a imortalidade desse amor.
A moça sofreu sim, mas junto com ela sofreram pessoas que a cercavam. Sofreram por que eram amigos que não queriam vê-la chorando, se iludindo, se enganando. E tenho certeza que hoje, amigos vibram pela vitória conquistada diariamente. A vitória sobre sí mesma tem uma gosto muito melhor. A superação indica que podemos mais do que achamos. E o novo amor comprovou isso.


Gabi querida!! Meu orgulho sempre!