Indústria Cultural.

Mestre em Ciências da Comunicação, professor universitário e curador-coordenador do Masp Teixeira Coelho redigiu um livro sobre a Indústria Cultural.

“A Indústria cultural é fruto da sociedade industrializada, de tipo capitalista liberal. Mais especificamente, porém, a indústria cultural [...] pode ser descrita como a do capitalismo de organização (ou monopolista) ou, ainda, sendo a sociedade dita do consumo.”
Foi exatamente isso que Teixeira Coelho, graduado em direito, mestre em Ciências da Comunicação, professor universitário e curador-coordenador do Museu de Arte de São Paulo – MASP redigiu em seu livro O que é Indústria Cultural? Publicado pela Editora Brasiliense pela coleção primeiro passos, na qual, segunda a própria editora, é uma “rica coleção com textos fluentes, jornalísticos e agradáveis, abordando temas em política, inovações científicas, movimentos artísticos, religião, antropologia, sociologia e psicologia”, e que tem como intuito, como o nome já diz, dar os primeiros passos para um estudo introdutório em diversas áreas e assuntos.
Oito livros publicados em parceria com a Brasiliense, tendo dezessete edições do livro O que é Indústria Cultural? Teixeira aborda o assunto de forma esclarecedora, destrinchando se a Indústria Cultural aliena ou não o ser humano: “a partir desse ponto de vista, e considerando, primeiro, que a indústria cultural tem seu berço propriamente dito apenas do século XIX, de capitalismo dito liberal, e, segundo, que a indústria cultural atinge seu momento com o capitalismo de organização ou monopolista, ficaria claro que a indústria cultural e todos os seus veículos, independente do conteúdo das mensagens divulgadas, trazem em si, gravados a fogo, todos os traços [...] da ideologia do capitalismo. E neste caso, também trariam em si tudo aquilo que caracteriza esse sistema, particularmente os traços da reificação e da alienação.” Significando que pode se fazer o que quiser, pode dizer o que quiser, os veículos dessa indústria somente podem produzir alienação.
Sob esse ponto de vista a cultura é tida não como um instrumento de crítica, expressão ou conhecimento, mas como algo a ser apenas consumido. Fazendo com que as pessoas fiquem impossibilitadas de pensar e de ter um senso crítico ao adquirir produtos que a mídia oferece. O mais interessante é saber que a cultura industrial brasileira é heterogênea, e não homogênea como acontece em países europeus e até mesmo nos EUA. Isso ocorre porque a indústria brasileira se preocupa mais em divulgar, em seu próprio país, a cultura estrangeira no lugar de ensinar e incentivar o interesse pelo que é nacional.
Como já dizia Luís Augusto Milanesi em seu livro O Paraíso via Embratel, a cultura industrial estabeleceu-se não para eliminar o que é popular e sim para sobrepor no que é grotesco, chulo e “cafajéstico.” A conservação do que é grotesco se desenvolveu no Brasil a partir da década de 1930, após a segunda guerra mundial, derivando de um não conflito entre a cultura superior e a cultura de massa. Passando, segundo Milanesi “de uma cultura oral [...] para uma cultura onde prevalece a imagem, saltando sobre uma cultura letrada.”
Um exemplo nítido desse fato é a televisão, que ao mesmo tempo em que se expande geograficamente, que penetra em todos os públicos em todos os horários possíveis, também apresenta conteúdos sensacionalistas e que fazem com o telespectador fique impossibilitado de pensar, tendo como consequência, a alienação.
Desse modo os cinemas, teatros e livrarias, passam por vezes, despercebidos. Ocorrendo a desvalorização do que é verdadeiramente cultural. Infelizmente, desse modo pessoas preferem ficar em suas casas entregues a novelas do que ir atrás do que realmente acrescentará na vida: a cultura. Permitindo assim que, cada vez menos, o senso crítico e não-alienação façam parte de suas vidas.

O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL?
Autor: Teixeira Coelho
Editora: Brasiliense
Páginas: 108

Ps: resenha feita para o curso de jornalismo da universidade.