Poucos dias faltavam para o dia dos namorados e Sarah continuava sozinha, depois daquele último romance avassalador e que literalmente acabou com ela. Jorge sempre foi seu ideal; super atencioso, amoroso, o desejo de toda mulher que com o passar do tempo deixa de ser apenas um sonho bom, e acaba se tornando e um ser humano real, daqueles de carne e osso – com seus defeitos e qualidades.
O romance dos dois foi aquele bem idealizado, típico do século XVIII onde os casais até se matariam caso um deles morressem. E como tudo tem um começo, também tem um fim. Era uma noite de outono, iguais aquelas que eles passavam sozinhos na pracinha da cidade, quando Jorge resolveu terminar o relacionamento. Sarah realmente não entendeu nada porque até então eles pretendiam se casar. Passou dias sofrendo, se questionando, querendo entender o motivo das coisas terem mudado tão de repente. Por adiantamento tinha até comprado o presente que daria para ele no dias dos namorados e a dúvida pairava no ar: mesmo não namorando mais com ele, entregaria ou não o presente? Às vezes pensava que sim, ora que não. E resolveu, por fim, não entregar.
Dias se passaram e data tão esperada por ela – se tivesse um namorado – chegou. Nunca tinha passado sozinha, sempre teve a companhia de alguém e pela primeira vez isso não aconteceu. Acordou logo de manhã e resolveu sair pela cidade, caminhar um pouco, espairecer as idéias e se deparava constantemente com casais, corações, demonstrações de afeto e aquilo a irritava profundamente.
Foi a partir dai que resolveu voltar para sua casa, se entupir de chocolate e assistir a seus filmes preferidos - todos romances, por sinal. Chorou horrores, queria muito a companhia de alguém, estava carente, se sentindo sozinha e nada, exatamente nada aliviava o que ela sentia interiormente.
Anos se passaram e Sarah continuava sozinha, tinha se fechado para sentimentos, não queria mais saber de nada relacionada a isso e encarava o “12 de Junho” apenas como uma data comercial, e que ela para não fazia diferença nenhuma. Não saia de casa, as cenas dos casaizinhos ainda a irritavam. Só que nesse dia, por incrível que pareça, foi até uma cafeteria, sentou em uma mesinha qualquer e percebeu que um desconhecido não parava de fita-la. Começou a ficar intrigada, sem entender nada, e aquele estranho continuava a observá-la.
Se um estranho ficasse te observando durante hora e horas o que você faria? Levantaria do local onde está sentada e conversaria com ele? Iria embora? Ficaria lá o encarando? Aposto que ficaria lá o encarando, se o sujeito fosse bonito, claro, e até conversaria com ele se não fosse tímida. Só que não foi isso que Sarah fez, ela impulsivamente e irritada do jeito que estava simplesmente se levantou, passou ao lado do rapaz e voltou para casa. Perdeu a oportunidade de um grande amor, já que aquele sujeito estranho que nunca tinha trocado uma palavra com ela a adorava, faria de tudo por ela sem ao menos conhecer.
Por isso que digo, as coisas, as pessoas mais importantes da nossa vida podem aparecer nos lugares mais inesperados, nas situações mais inesperadas. Às vezes nos fechamos para certas oportunidades com medo de sofrer, sem ao menos saber se existirá sofrimento ou não. Então, quando estiver andando por ai, repare mais nas pessoas, olhe mais a sua volta. Quem sabe aquele alguém tão esperado não está ao seu lado, nos lugares que você vai com frequência e você ainda não reparou...
Um comentário:
Quem dera que pudessemos dar em nossas vidas o fechamento que se dá em um texto e que pudessemos praticar o que pensamos sem deixar com que as outras coisas e pessoas interfiram, pode ser difícil, mas tudo vai ficar bem, eu espero.
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