Andava pelas ruas chupando sua bala supra-sumo e sempre com seu mp3 no ouvido. Escutava desde MPB até Indie Rock, passava também por Jazz e música clássica. Seu principal hobbie de final de semana era ir até as estações de trem para observar as pessoas. Gostava de ver o movimento de ir e vir dos trens, das pessoas diferentes que via por lá. Apaixonava-se por tipos diferentes que apareciam. Eram paixões momentâneas, coisa de segundos e que caiam no esquecimento logo depois.
Falava inglês quase fluentemente e seu maior sonho era largar seu país e partir para a Inglaterra, tentar a sorte neste país gélido. Adoradora do frio e das roupas de inverno, seu maior fetiche era all star vermelho. Não podia ver nenhum transeunte interessante que já reparava nos pés para ver se possuía esse acessório.
Realmente reparava em tudo: roupas, sapatos, acessórios, modo de se portar, jeito de se vestir. Analisava os demais bem, focando mais no sexo oposto, claro. Um alargador, um all star vermelho, uma regata preta ou branca, uma camiseta pólo a agradavam muito. Além de ter a visão apurada, tinha também o olfato. Apaixonada por perfumes de fragrâncias fortes sentia de longe o cheiro das pessoas que a agradavam. Tinha todos os sentidos apurados, de fato.
Certa vez estava sentada em um banco de uma determinada estação quando de repente se deparou com alguém muito diferente do convencional. Alguém que não correspondia em nenhum dos critérios de fetiches, gostos e afins.
Reparou que o observava demais, e que essas olhadelas eram recíprocas. De fato o garoto tinha um charme diferente, um mistério e uma inteligência afrodisíaca. Muitas trocas de olhares acontecerem em frações de segundo. E se via encantada, não sentia que aquilo seria apenas mais uma paixão momentânea de uma estação de trem.
Nunca tinha o visto por lá, era a primeira vez. Tudo aconteceu de uma maneira rápida, e da mesma forma que ele apareceu, sumiu também. Na realidade tinha o visto na multidão e o perdeu por ter sido empurrada por milhões de pessoas que estavam entrando nos vagões.
Ficou desesperada, desnorteada e não entendia o porquê de se sentir assim por um desconhecido. E foi ai resolveu ir sentar no mesmo banco, ficar no mesmo lugar, na mesma hora para ver se ele aparecia novamente. De fato, não foi apenas mais uma paixonite.
2 comentários:
Que agradável tua escrita. Sem muito círculo, objetividade transbordando, muito me agrada. Vou seguir.
Paixão no ar? Conheço uma pessoa que se apaixonou em uma estação de trem, e até que o relacionamento deu certo...
Postar um comentário