sábado, 11 de julho de 2009

Cada qual com sua infância.

Logo que completei meus doze anos um grande interesse por brincar e andar sozinha na rua apareceu. De fato, meus pais não deixaram logo de cara e delimitaram algumas condições. Lembro-me que a principal era de que eu não passasse da esquina da rua de casa.
Passei minha vida inteira ouvindo minha mãe dizendo que quando ela era jovem ficar na rua era possível. Era possível desde brincar a deixar os portões de casa abertos que ninguém estranho entrava. Coisa que atualmente não acontece mais.
Minha infância foi completamente diferente daquela que a geração dos meus pais viveu. Sempre fui uma criança cercada mais de adultos do que de pessoas da minha antiga idade. Só convivia com mesmo com pessoas da mesma faixa etária quando frequentava o colégio, fora de lá não tinha ninguém para me divertir.
Quando percebi que mais vivia dentro de casa do que fora como as crianças que brincavam na rua, também senti vontade de sair. Tal fato aconteceu somente aos doze anos mesmo, e minha felicidade era quando meus novos amiguinhos batiam na porta de minha casa e me chamavam para fazer companhia a eles. Simplesmente adorava.
Eu pulava, corria, voltava para meu lar ralada, com alguns machucados. Coisa que a geração do meu primo não faz. Certamente a geração dele é mais computadorizada, informatizada e digitalizada em comparação a minha. Eles passam horas em frente a um vídeo-game e têm uma facilidade imensa em mexer no computador.
Quando tinha seis anos eu nem imaginava que existia esses dois tipos de diversão que por sinal, meu primo sabe mexer com uma facilidade enorme. Ah! Ele tem seis anos agora, de fato.
Para ser muito sincera se tivesse que a oportunidade de escolher qual tipo de infância viveria, escolheria a minha. Tudo bem que o meu contato com crianças era pequeno, mas ao menos as tinha com mais frequência na minha vida.
Lembro até hoje de cada tombo que levei, das poucas cicatrizes que tenho e das travessuras que aprontei. Agora, as crianças de hoje vão lembrar de que? Certamente das horas que passaram sozinhas na frente de uma televisão jogando algum tipo de jogo que amanhã será ultrapassado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei. Acho absurdamente incrível essa coisa de geração sabe Gabi? Cada uma com as suas características e costumes que muitas vezes não se vê em algumas próximas, o que de certa forma torna-as únicas. É claro que tenho alguns problemas com isso, quando por exemplo entro em conflito com os meus pais quando os mesmos dão de cara com algo absurdo para a geração que eles viveram alguns anos antes. Eu também vivi uma infância parecida com a descrita por voc e, hoje vejo claramente algo totalmente diferente, com crianças cada vez mais 'tecnológicas'. Não acho que isso torne-as de certa forma muito 'presas' ou algo do tipo, até certo ponto. Um bom controle das coisas, o que na grande maioria dos casos não ocorre, seria suficientemente bom. Eu acho que contando com uma educação legal, elas poderiam facilmente aproveitar bem os dois lados da coisa. Um beijo

André Luiz . disse...

Eu me lembro da minha também, descobri o computador no ano 2000 e fui dar bola pra ele só em 2005, sempre paro pra pensar e comparar as gerações, me lembro bem das vezes que brinquei na rua, de voltar pra casa suado, sujo e machucado mas contente, satisfeito e por saber que no dia seguinte eu pegaria a minha bicicleta e faria tudo outra vez ja me sentia feliz outra vez.
Uma pena ver meus irmãos mais novos jogando e brincando pelo computador, isso é triste mas sabemos o futuro pode ser e será ainda mais dificil...

Fabíola F. disse...

Você descreveu minha infância, sabia?
Até aos sete anos de idade, quando fui para a escola, eu era terrivelemnte sozinha. Sozinha mesmo: não tinha irmãos, primos, vizinhos, ninguém para poder brincar comigo.
O que me dói é que não sei nada de minha infãncia. O que fiz? Não sei, nem ao menos meus parentes sabem dizer. Fotos, tenho poucas.
Pensava comigo: se um dia tiver filhos, ele serão criados um pouco diferentes. Minha tia costuma dizer que eu fui criada numa jaula. Tanto é que no primeiro dia de aula, chorei pois fiqueri assustada com tantas crianças... eram como ovelhinhas indo para o abate.
É um texto tão belo falando de infância... e olha hoje como elas estão! Estão perdendo a pureza por conta de estupradores, pais que trabalham e não ligam, violência, drogas... é uma pena. Uma música do Legião Urbana diz: "E há tempos são os jovens que adoecem..."

Gabi, os textos são lindos.

Diego Costa disse...

Gabii.. sempre combinamos nossas vidas né? minha mãe fazia a mesma coisa que a sua, eu vivia com adultos, e tenhoo poucas cicatrizes... na realidade, nenhuma cicatriz é de brincar com outras crianças, sempre fui estabandao, até mesmo para brincar.. eu caia sozinh, me machucava sozinho... Mas eu lembro de cada tombo que levei, de cada cicatriz que ganhei... isso sim foi infânica, mesmo atrás das grades, nos limites da minha casa...