Acredito que certas coisas da vida precisam acontecer aos poucos. A cada dia tento encarar de frente coisas que ainda me botam medo. Confesso que tenho alguns traumas de colégio; são coisas pequeninas demais na visão dos outros, mas que são difíceis para mim. Na realidade, uma pessoa só entende o próximo quando passa pela mesma situação.
Esses dias deparei-me com a seguinte situação: ler em voz alta um texto que o professor havia passado. Antes que alguém diga algo do tipo: “você é estudante de comunicação, não pode ter vergonha”, já explico que desde o colégio que não leio algo em alto e bom som.
Isso porque sempre fui a mais calada da sala quando ainda estava no colégio. Aguentei gente tirando uma da minha cara desde o primeiro ano do ensino médio por conta disso. E foi aqui que o trauma de não conseguir ler em público apareceu.
Podia fazer a mesma pergunta que todo mundo, ler a mesma coisa que eles liam, e mesmo assim alguns insistiam nessa atitude completamente sem graça de fazer piadinhas sobre mim. Sempre tentei levar numa boa, até que no final do segundo ano soltei tudo que tinha guardado durante todo esse tempo. Já no último ano ninguém mexeu comigo, mas o trauma continuo presente.
Confesso que quando me deparei com tal situação de ler, senti minhas mãos suarem, o ar faltar e uma imensa certeza de que gaguejara. Dei sorte que conseguir me sentir a vontade logo que expliquei o motivo de não ser muito fã de ler alto.
Isso aconteceu porque as pessoas que estavam na sala passaram segurança, e se mostraram compreensivas com algo tão particular e tão bobo (na visão dos outros) que já foi quase superado.
Lógico que dei umas engasgadas, mas sei que aos poucos perco a vergonha disso e de tantas coisas que ainda preciso mudar. É só tentar para ver.
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