E decidiu não fazer nada, perde seu tempo indo de bar em bar, faz longas caminhadas para chegar a alguma conclusão. Nada muda, tudo continua do mesmo modo. Queixa-se da falta de tempo, do desamor, da excessiva ocupação. Não agüenta mais, sente-se fraco.
Chora quase diariamente, mas não tem noção de que é maior do que qualquer coisa que tem passado. Nem percebe que é maior que todos os porres que tomou na vida, não nota que é maior que cada ida ao bar com a finalidade de afogar as mágoas. É incapaz de ver que é bem maior que qualquer tipo de sentimento, que tem um significado muito maior do que qualquer saída em um simples final de semana. É incapaz de sentir qualquer tipo de sentimento.
Fica na espera do inexistente, de qualquer sinal que signifique um pingo de reciprocidade. Esquece de tudo o que sofreu e vai. E vai como se nada tivesse acontecido.
E volta, fica nesse lengalenga. O sofrimento volta; o desamor também. Faz de um sentimento belo uma desgraça. Se diminui; retorna para a rotina de sofredor. Se entrega mais ainda e decide não fazer nada.
Está tão cansado que às vezes se rende. Se rende às alegrias pequenas, se apega nas pequenas coisas. Cria sua própria felicidade de coisas que só ele dá valor. Luta diariamente inconscientemente para que tudo se resolva – tem essa atitude sem saber. Se esquece que o não fazer nada também é uma atitude; uma atitude de espera – que seja.
Continua a esquecer o esquecível e vai. Vai sem medo de ganhar e muito menos de perder, só vai. Só vai sem caminho aconchegante e garantido de volta. Só luta, só vai.
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