terça-feira, 6 de outubro de 2009

O meu olhar.

É como se eu tivesse feito um roteiro de todas as cenas e músicas que apareceriam em nossos encontros. Na verdade você não ouvia e nem sabia de nada. Só eu sabia disso, é como se eu tivesse previsto tudo antes de acontecer.
Roteirizei caras e bocas, frases e gírias, gestos e trejeitos. Eu roteirizava tudo e ficava observando se as coisas aconteciam ou não. Não chegava a ser um livro, nem um simples texto. Não era um curta-metragem ou até mesmo um filme. Eram apenas pensamentos de um alguém sonhador que quando se separava de você dava continuidade ao que foi real, ao que aconteceu naquele dia.
Logicamente você me surpreendia sempre com atitudes novas, como novos sons que dizia se lembrar de mim. Eu simplesmente adorava quando isso acontecia porque fugia de todos os meus padrões, de todas as minhas previsões.
Obviamente eu não roteirizava as brigas, e sim as reconciliações. Todas elas eram belas, cheias de romantismo e com músicas que marcaram nossa história juntos. Eram constituídas também de muitas trocas de olhares enquanto balbuciávamos “O seu olhar” de Arnaldo Antunes.
Confesso que ainda não criei um fim. Na verdade não o criei porque nossa história não vai ter final. Nossa história não vai ter final feliz, final triste e nem final chocante. Fim me faz lembrar ponto final, algo concluído. É por isso que prefiro que nossa história seja composta apenas por eternas reticências que darão a contínua impressão de continuidade, de algo que vai durar por muito tempo... por muito tempo mesmo.

Um comentário:

Fabíola F. disse...

"Eram apenas pensamentos de um alguém sonhador que quando se separava de você dava continuidade ao que foi real, ao que aconteceu naquele dia."

Fofo, Gabi!

Gostei também da parte final em que você escreveu que não quer um "e viveram felizes sempre" como daqueles contos de fadas.
Jamais há um fim pois somos movimentos,somos mudanças, somos um fluir... tenho um certo medo dessa palavra eternidade.

Que vivemos e aproveitemos os sonhos presentes, os delírios, afinal com eles a vida torna-se mais bela, mais rica, mais inspiradora.

É o eu olhar... real.