Escondia-se atrás das unhas roídas, das xícaras de café e de imensos goles de coca-cola. Procurava constantemente por um esconderijo, por um lugar que pudesse ficar até as coisas se resolvessem sozinhas. Desejava reaparecer somente quando as coisas fossem solucionadas.
Perdia a força diariamente, não agüentava mais aquela reclusão que fora criada por ambas as partes. Torcia para que as lágrimas secassem e que em troca enormes sorrisos tomassem conta de sua face.
Sonhava com o dia em que se sentiria bem ao levantar, sonhava com o dia em que os gramas perdidos voltassem a ser 21 gramas vivos. Só sonhava. Só sonhava porque se sentia mais leve, sentia que perdia 1 grama a cada dia.
Sentia-se telespectadora de sua própria vida. Parecia que de atriz principal tinha virado coadjuvante. Aliás, nem coadjuvante era, se sentia uma funcionária de backstage de sua própria existência, de seus momentos e de seus atos. Sentia-se roteirista de si, escrevia erroneamente seu trajeto.
Não via a hora de dizer um “tudo ótimo” convicto quando perguntada se está bem. Não via a hora de toda essa fase ruim passar e de ter um motivo para chorar de alegria. Não via a hora de esse novembro acabar, não via o momento. Só esperava, não via nada, só desejava paciência...
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