terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Reencontro

Depois de longos meses sem nos vermos, depois de muita coisa ter acontecido, só me restava à espera no banco daquela praça. Eu sabia que você vinha, mesmo com a demora, viria sim. Não sei como se sentia, mas eu estava morta de saudades e cheia de coisas para dizer.
Confesso que tinha dado uma pausa na nossa história, que tinha dado um tempo para mim mesma. Confesso também como foi difícil ficar dias sem falar contigo, como me machuquei ao pensar que não te fazia falta quando sumia, quando resolvia antecipadamente desaparecer do mundo, ficar fora de órbita por uns tempos.
Escolhi o melhor traje, a melhor roupa que combinaria com o tom da minha pele. Na verdade, isso sempre foi o de menos. Isso sempre foi o de menos já que a essência sempre continuou a mesma. Já que o sentimento não sofreu nenhuma alteração. E se sofreu, só cresceu, de fato.
Olhava no relógio compulsivamente, escutava todas as músicas da sua playlist – aquelas que me faziam lembrar você. Lembro-me que escutei “último romance” compulsivamente só para ver se o tempo passava mais rápido.
Imaginava, ao ouvir essa música, como as coisas seriam depois do nosso reencontro. Lembrava também do tempo que fiquei na fila do pão a te esperar.
De fato, a espera foi dolorosa. Mas essa espera valeu de tudo, todo o sofrimento foi válido já que nos veríamos novamente. As horas insistiam em não passar e o nervosismo tomava conta de mim. Sentia enormes faltas de ar, plenas inquietações e tentava me acalmar pensando que mais cedo ou mais tarde você apareceria na minha frente.
E apareceu. Vi ao longe um garoto vindo em minha direção. Trajava um jeans, uma camiseta básica, e aquele all star surrado que eu tanto gostava. Não tinha mudado nada desde a última vez que nos vimos. Na verdade, o cabelo estava um pouquinho maior – o que o deixava mais belo ainda.
Impulsivamente, levantei-me. Fiquei esperando de pé. Notei que meus olhos enchiam de lágrimas e se meus pés não estivessem grudados ao chão, teria corrido e te abraçado de tal maneira que nós dois cairíamos no chão.
Fiquei observando o seu aproximar. Fiquei observando cada passo seu, cada gesto, cada trejeito. Pouco a pouco foi chegando perto, foi se aproximando mais ainda. E eu mantinha aquele sorriso imenso e preparava meus braços para um enorme abraço.
E nos abraçamos. Nosso primeiro abraço, aquele que esperei meses para ter. Aquele tão sonhado abraço cheio de saudades, cheio de novidades, cheio de coisas para contar e viver. Fiquei olhando por enormes instantes o seu rosto. Tentava olhar e relembrar milimetricamente cada pedacinho seu. Queria saber se algo tinha mudado, se algo em você tinha mudado sem o meu acompanhamento. Tinha se mantido praticamente intacto, parecia o mesmo daquela última vez que nos vimos.
Nos sentamos, e eu balbuciava algumas palavras engasgadas. Dizia que morri de saudades, que esperei muito por esse momento. Pedi para você fechar os olhos porque assim eu pararia de me engasgar e as coisas fluiriam naturalmente. Peguei meu caderno (aquele inteiramente dedicado a você) e comecei a ler certos poemas.
Você se mantinha concentrado a cada estrofe. A única coisa que se alterava era o sorriso. Um sorriso tão lindo, tão emocionante, tão prazeroso de ser visto. De repente, em um determinado poema, você simplesmente começou a declamar junto comigo. Abriu os olhos, passou a mãos nos meus – sinal que era para fechá-los
Fechei-os e depois de escutar sua declamação, os abri. Olhei bem para você, fiquei tempos a te admirar. Ficamos instantes nos olhando. Nossos olhos se seguiam, olhavam para o mesmo lugar sempre. E veio aquela lembrança. Aquela lembrança de como esperei, a vida toda, para que nossos olhos se seguissem eternamente...

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