quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ah, o verão!

O verão, a dita estação dos romances breves. E esse, como sempre, não seria nada diferente para Marcelo. Menino de olhos grandes, jeito faceiro e adorador de uma praia. Gostava de passar as tardes olhando o sol, contemplando o mar e ficava pensando na criação das paisagens que tinha visto até os seus 20 anos ainda não completos.
Não conseguia entender de onde vinha tanta água, de quantas partículas a areia era formada. Não entendia nada, só sabia que se sentia bem. Só sabia que poderia morrer naquele exato momento de tão feliz que estava.
Na verdade só sentia falta de um amor. De alguém para contemplar toda paisagem junto com ele. De alguém para ficar até de noite mostrando as estrelas, inventando histórias de dragões, príncipes e princesas.
Como num salto resolveu caminhar pela areia. Na outra ponta, um grupo de amigos jogava vôlei. Aparentemente eles se divertiam muito e Marcelo parou para observar. Foi ai que viu Juliana. Menina magrinha, dos olhos azuis e da pele morena. Diferente de todas que já tinha visto, diferente de todas que já tinha se apaixonado brevemente.
Enquanto olhava para ela, sentia no peito uma sensação diferente. Nunca havia sentido aquilo antes e muito menos sabia definir o que se passava em seu coração. Queria falar com ela, mas não tinha coragem. Achou isso estranho. Pensou em mil coisas para dizer. Mas as palavras faltavam.
De repente, de tão distraído que estava, sentiu algo bater em sua cabeça. A pancada foi tão forte que sentiu as vistas escurecerem e simplesmente caiu na areia. Pouco a pouco foi recuperando os sentidos e vislumbrou uma paisagem linda: era Juliana o acordando enquanto os reflexos do sol batiam sob sua pele morena.
Levantou-se vagarosamente e a menina, de tão preocupada que estava, decidiu naquele momento, que pagaria um suco para ele como pedido de desculpas. Obviamente aceitou e os dois caminharam para o primeiro quiosque da praia. Sentaram-se.

- Quero um suco de Framboesa – pediram os dois ao mesmo tempo
- Pensei que só eu no mundo gostava desse suco...
- Dizem por aí que quando duas pessoas falam a mesma coisa ao mesmo tempo é porque alguma ligação elas vão ter
- Sabe, quando te vi na praia, antes daquela bola bater na cabeça, senti uma imensa vontade de conversar com você, mas me faltou coragem.

Silêncio

- Então; o que você vai fazer depois que tomarmos o suco?
- Não sei, estou sem destino. Queria mesmo era deitar na areia e observar as estrelas...

Naquele momento o sol já estava se pondo. E o suco dos dois já tinha acabado. Ambos se levantaram, seguiram o mesmo rumo. Marcelo admirava a beleza de Juliana e impulsivamente passou a mão por de trás de seu ombro. Ela deixou e se aproximou mais.
Já era noite e estavam sozinhos. Aquela praia era somente dos dois. Resolveram deitar na areia. Olharam-se e em seguida olharam para o céu.

- Está vendo aquela estrela?
- Qual?
- Aquela que brilha mais
- Estou. O que tem?
- Então, sabia que lá vive um príncipe que passa todas as tardes de sua vida esperando sua princesa chegar, assim, de repente, como um amor breve de verão?
- Sei. E sabia que nessa mesma estrela, na outra ponta, também vive uma princesa que pratica seu esporte preferido enquanto aguarda acidentalmente seu príncipe?
- Sei sim. Quando será que eles vão se encontrar, hein?
- Então, diz a lenda que em um belo dia de verão os dois simplesmente decidiram sair de sua Terra para desbravar um mundo novo por um dia...
- Pois é, e você acha que eles se encontram?
- O que você acha?
- Acho que sim... Mas onde eles estão agora?
- Bom... sinceramente... aqui.
- Mas se é por um dia, esse amor não vai existir amanhã, né?
- Claro que vai. Só depende dos dois...
- E você acha que o príncipe quer?
- Acho que sim. E a princesa?
- Ela quer, mas não pode.
- Não pode, por quê?
- Porque ela vai embora amanhã. Vai ter que, sem vontade, desbravar outros mundos...
- Que triste. Mas então, tenho uma solução...
- Qual?
- Está vendo aquela mesma estrela? Então, já que o príncipe vai ficar por aqui e princesa vai mudar de lugar, o que você acha de um lembra-se de outro quando olhar para ela?
- Por mim tudo bem. E o que você acha de os dois se encontram nesse mesmo lugar todos os verões que ainda estão por vir?

E resolveram o problema. Ano após ano se encontravam no mesmo lugar. Tinham a mesma sensação. Só não sabiam que isso se prolongaria e que tudo se estenderia por todas as estações do ano...

Um comentário:

Lubi disse...

Gabi,
obrigada por linkar meu blog aqui.

;)

Beijos.