- Amor e ódio andam lado a lado.
Tinha ódio de sua voz e de seu olhar porque eles ainda não eram completamente dedicados a ela. Em compensação amava seu corpo (nos mínimos detalhes), seu coração (grande e puro) e sua alma (limpa, livre, lavada). Era simplesmente assim, camaleoa. E por isso, quando queria, o que sentia dentro do peito, mudava.
Amava aquela magreza, mas odiava o jeito que andava. Era estranha, era maluca. Os sentimentos se modificavam e não entendia o motivo. Sabia que no dia seguinte aqueles olhos seriam donos de seu amor, e assim por diante.
Chegou ao ponto de detestar as músicas que lhe traziam boas lembranças, mas era incapaz de fazer o mesmo com suas recordações. Amava cada sorriso, cada sensação, cada palavra dita – ou não dita.
Tinha afeto pelo subentendido – que fez com que o sentimento só crescesse, sentia a mesma coisa por toda história. E pouco a pouco foi descobrindo e redescobrindo o que sentia. Foi ai, neste exato momento, nesta intensa mistura de sentir que deixou a mão do amor segurar forte a mão do ódio.
Deixou tanto que elas continuam unidas até hoje e não dispensam a presença uma da outra.
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