Queria preencher este papel com tantas palavras, tantas frases mirabolantes que poderiam mudar a vida de alguém. Só que hoje, especialmente hoje, deixo-me levar pelo sono e por muitas coisas que ainda não estou pronta para dizer.
Por vezes deito em minha cama e contemplo o escuro. Ao contemplá-lo pergunto se voltarei a ser eu mesma um dia. Não é que eu não seja eu, mas a vida nos proporciona diversas coisas que fazem com que a gente mude um bocado. Tirei férias de mim, virei telespectadora da minha própria vida. Servi de coadjuvante e de antagonista de mim até.
E pode acreditar, eu mudei. Não é que eu seja uma camaleoa e nem que interprete personagens a cada lugar que passo. Minha essência sempre continuará a mesma. Ainda sou aquela. Aquela fragmentada, cortada e dividida em mil pedaços nas tantas atitudes que consegui tomar ou não.
Aquelas cartas que quis enviar e não consegui, aqueles sonhos que ainda não foram totalmente concretizados, aqueles textos que fiz e que sabem da existência deles fazem parte total de mim.
Ainda sou partida, ponto de partida, ponto de saída que ainda não chegou ao fim. Que ultrapassou o começo e que parou no meio das mil e umas reticências acreditando. Em uma continuidade. Em qualquer coisa que se permita acreditar.
Continuo sendo todo coração, todo sentimento. Continuo sendo um todo; a mesma remetente que tem um único destinatário. A mesma remetente que espera. Espera qualquer coisa no mesmo endereço, na mesma cidade e no mesmo mundo que ainda decido por viver.
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