
Acreditavam, naquela cidade, que a cada pessoa que morria, o céu ganhava mais uma estrela. Márcia, desde criança, foi criada sob este costume. Tinha quatro anos quando a primeira pessoa de sua família morreu: a bisavó.
A menina, de tão novinha, não sentiu tanto o falecimento de sua bisa. Na verdade, elas não tinham muito contato. Moravam longe. Ela na cidade com os pais e senhora no interior com seu cachorro Max – que faleceu de tristeza pela falta da dona.
Marcinha foi crescendo. Os traços foram mudando e já com catorze indagou a mãe sobre a morte. Não entendia porque as pessoas partiam para outro plano. A mãe, não sabendo exatamente o que dizer, reproduziu o que sua mãe disse quando ela ainda era criança: “Quando sentir saudade de alguém que já se foi, olhe para o céu. A pessoa querida vai se manifestar através da estrela que mais brilhar.”
Depois de anos, após a ida da bisa e de Max, chegou à vez do avô que ela era mais apegada. O pai de seu pai já tinha 90 primaveras completadas e já tinha cumprido sua missão. Ajudara muitas pessoas, criara muito bem os filhos e fora um bom esposo e avô.
Na verdade, o velho senhor morrera de morte tranqüila, durante uma boa noite de sono, sem sentir nenhum tipo de dor. Tal fato confortou a moça, mas não conseguiu evitar a dor que sentiu durante meses.
Tinha que ser forte, não podia fraquejar. Apesar de tudo, ainda precisava cumprir uma missão. Anos antes do falecimento, seu avô manifestou a vontade de ser cremado e queria que as cinzas fossem jogadas nos lugares que mais gostava. Como eram mais apegados e já podia dirigir, ficou responsável por tal desejo.
Na manhã seguinte pegou o carro de seu pai e saiu estrada afora. O primeiro lugar escolhido foi o campinho que seu nono jogara futebol aos 14 anos de idade. Depois foi a universidade onde conheceu aquela que se tornou sua esposa e por fim, o lugar que mais comoveu Marcinha: o salão onde foi sua formatura – o último lugar que estiveram juntos.
Voltando para casa, olhando fixamente para o céu, notou que uma estrela brilhava mais do que as outras. De fato era o seu avô mandando notícias de que estava bem e agradecendo por ele ter sido tão amando em vida. Há pessoas que são para sempre.
Lembre-se: “Quando sentir saudade de alguém que já se foi, olhe para o céu. A pessoa querida vai se manifestar através da estrela que mais brilhar.”
4 comentários:
Lembrei-me do meu avô, muito lindo o texto Gabi! Parabéns!
Elizabethtown ♥ :)
Adorei, linda a concepção de como matar saudades Gabi...
Bessitooo
Esse seu texto é perfeito Gabi, curti muito, e isso que vc disse é verdade, perde alguém eh sempre dificil, porem não perdemos para sempre, seja onde for essa pessoa sempre vai está do nosso lado...
nada compensa a sensação de perder alguém, mas pensar em alguém em forma de estrelas compensa um minuto de serenidade.....
lindo
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