sexta-feira, 14 de maio de 2010

Garçom, um gole, por favor!

Desde que nos separamos freqüento o mesmo bar. Minha família não aprova tal fato, claro, mas contrario a vontade de todos e tento te esquecer diariamente nos copos de cerveja que me acompanham nessa longa caminhada.
Juvenal, o garçom, até virou meu amigo. Sento diariamente no mesmo lugar, peço sempre a mesma porção de amendoins – alimento esse que dividíamos quando ainda namorávamos.
Você nunca foi apreciadora da cevada e sempre pedia um suco de laranja para me acompanhar. De fato, eu bebia, a cada vez que saímos, um copo de cerveja. Hoje, nem sei mais.
Pode me chamar do que for; beber foi à única maneira que encontrei para ao menos tentar te esquecer. Impossível, já que tudo o que faço é relacionado a você. Desde que partiu, procurei ajuda na religião – não deu muito certo, comecei a meditar – o ato de me desligar de tudo trazia sua constante imagem na minha cabeça. Tentei de tudo e foi a bebida que me abrigou.
Não posso chamá-la de melhor amiga porque não se paga para ter a companhia de quem se gosta. A verdade é que não gosto desse líquido amargo, só tomo por medida de esquecimento. O que, repito, não resolve. Não siga meu caminho nunca, não me use como exemplo. Ou melhor, até use. Use e se gabe diante de suas amigas. Como se destruir uma pessoa fosse uma atitude digna de alguém como você. Tonta!

Nota: aproveitei a sobriedade diante do primeiro gole e escrevi na mesa os nossos nomes. Brega! Para quê?

M.

Início de Cartas a (...)

3 comentários:

Unknown disse...

E mais uma vez me surpreendo com tuas palavras. Preciso realmente dizer que adorei? Acho que não, o que mais tenho feito ultimamente ao vir comentar aqui é dizer-te isso.
Um copo de bebida em um bar pode tornar-se amiga e inimiga de apaixonados com o coração partido.

André Luiz . disse...

Eu gosto dessa sua identidade característica nos textos,fazendo quem lê imaginar as cenas... Demais!

pequeno erudito disse...

Gabi, você consegue pegar lugares-comuns e dar vida, me fazer sentir até mesmo o cheiro da cerveja no copo. Mais uma vez, apreciei ao extremo.

: )