É interessante, Clara, que a cada desilusão a sua crença pelo amor só aumenta. Acho isso totalmente inacreditável e queria que os outros fossem que nem você. O que falta no mundo, mas especificamente na época em que vivemos, é esse tipo de sentimento.
Estou farta de ver tantas pessoas tratando o amor de forma leviana. Agindo como se ele fosse algo que pode ser comprado em qualquer mercado existente por aí. E o pior de tudo, dito sem realmente existir.
Acabei de lembrar do seu último amor avassalador, ou melhor, como você mesma diz: “o primeiro e último da minha vida” e de quando me dizia que não ia agüentar. Que não ia durar nem dois dias. Que o fim estava próximo. Blábláblá. E o que eu dizia? “Ninguém morre de amor, Clara. Ninguém.”
Tenho que admitir: mudei de opinião. Não sou mais a primeira a te xingar quando me dizia isso. Não sou mais aquela que julgava sem sentir. Antes que me pergunte, já respondo que não tenho ninguém em vista... Só parei para pensar no seu caso e a que ponto você chegou.
Esse sentimento, tenho que concordar com tudo o que já me disse até hoje, ao mesmo tempo em que é calmo, tem o poder de matar alguém. Ou levar alguém a esse caminho. E sabe por quê? Porque ele, quando não é recíproco, consegue destruir o interior de uma pessoa. Deixa essa pessoa muito vulnerável a muitas coisas da vida. Será por isso que vícios e até mesmo mudanças de costumes acontecem? Será por isso que alguns encontram as piores formas de afogar as mágoas?
Sinceramente, Clara, é triste quando a gente descobre que alguém está com outra pessoa só para tapar o lugar que não foi preenchido por quem era o verdadeiro dono. Não sou contra essa tal tentativa de esquecer alguém colocando outra pessoa no lugar. Só acho que quem se dispõe a isso pode se ferir se não souber que o sentimento ainda não é sentido pelos dois lados. E isso é péssimo.
Pior são aqueles que fazem do álcool seu melhor amigo. Beber não vai trazer ninguém de volta. Não vai fazer que nenhum sentimento seja mútuo assim do nada. Não vai fazer que ninguém esqueça para sempre do que sente. E além do mais, se trouxer esquecimento, ele vai ser momentâneo e o depois... É sempre pior.
Já é tarde e sinto que é melhor eu parar por aqui. Sei que você está feliz com a minha possível mudança, porém, culpo o horário por tudo o que escrevi aqui. Culpo também o sono, que você sabe, acaba me deixando sincera demais.
Ainda desejo menos amor nessas linhas porque, finalmente, quero viver esse tipo de sentimento para ter a visão de quem sente, e não somente de quem apenas vê e conhece só por ouvir falar.
Um comentário:
Você escreve muito bem, de maneira calorosa e expondo seus sentimentos e pensamentos através de seu eu-lírico, muito lindo!
Bjs
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