quinta-feira, 17 de junho de 2010

Um dia, quem sabe

Apagar da agenda os números de telefone, rasgar as fotos que foram tiradas juntos. Excluir do computador as músicas que trazem lembranças e jogar fora tudo o que foi recebido não é a maneira mais eficaz para se esquecer alguém.
Tomar essas atitudes, logo de início, evita que a procura por qualquer coisa que traga a pessoa para perto aconteça. Diminui as lembranças, tira de foco a saudade. Dá início ao começo de uma nova vida.
Tudo, na verdade, é questão de costume. Certas coisas que acabam sobrando. Certas coisas que, sem querer, foram esquecidas em cantos quaisquer já não provocam a mesma dor quando são encontradas. Simplesmente trazem à mente a recordação de um tempo bom que não volta mais. De uma história que realmente não era para ser.
A verdade é que não é preciso dos números de telefone, das fotos e muito menos das músicas que marcaram para trazer à tona a saudade. A verdade é que mesmo apagando tudo, se desfazendo de qualquer coisa que um dia foi considerado importante, as lembranças e o sentimento continuam ali, intactos, guardados no fundo do peito.
O que muda é a maneira que a realidade é encarada. Aos poucos a ciência de que só o tempo pode curar as feridas, terminar com o sentimento e com a saudade ocupa o mesmo lugar que o sofrimento habitou.
As canções, que foram deletadas por um tempo, voltam a ser escutadas. Elas não trazem mais dor, mas continuam pertencendo a quem sempre pertenceu. As fotos e tudo o que foi dado fazem parte da memória fotográfica. Tais fatos são sinais de que as feridas se transformaram em cicatrizes, que meio caminho já está andado e que o que foi sentido um dia, também se transformou.
Se o sentimento mudou. Se havia amizade de um dos lados e isso se tornou recíproco, é hora de voltar. De manifestar que tudo está bem e que a história, finalmente, será igual para os dois. E os números de telefone que foram excluídos da agenda, podem ser pedidos novamente.
Início de uma nova amizade, com outras escolhas e mais maturidade.
Um dia, quem sabe.

4 comentários:

André Luiz . disse...

Parece até que você traduz o que sinto em palavras. Voltar no tempo por um instante é impossível, mas recomeçar é sempre possível e isso "Um dia, quem sabe" pode acontecer!

Não preciso nem dizer que ficou ótimo o texto né?!

Beijo, Gabi!

Ed Curvello disse...

Texto excelente como sempre Gabi.
Você tem o dom de colocar em palavras os sentimentos e esperanças. E como sempre acaba nos surpreendendo a cada texto.

Continue sempre escrevendo porque você nasceu pra isto.

Beijos.

Thamirys Marques disse...

[i]Vc sabe pelo que passei... e hoje o que eu sinto é o que vc escreveu! Uma história que não era pra ser!

camila l. ♥ disse...

as coisas vão mudando aos poucos, mas sempre estarão no coração.
Acho que estamos vivenciando alguns sentimentos que demoraram pra aparecer.

lv u!♥