terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Almas solitárias. Almas que se cruzam...

Observo todos os dias às almas solitárias que passam pelas estações de trem. Vejo gente cabisbaixa, apressada e preocupada. Porém, a maioria viaja pensativa. É só procurar alguém olhando para o chão ou até mesmo para a porta abre-fecha do trem.
A verdade é que ninguém sabe de ninguém. Algumas vezes rola um papo. Um papo daquele de vizinho: “vai chover hoje”, “é, o tempo está mudando mesmo”, você viu na TV o que aconteceu em tal lugar?”e por ai vai.
Comigo isso nunca aconteceu. Até porque sempre procuro um ponto fixo para olhar. Se não há ninguém sentado na minha frente, fico olhando para a janela. Caso há, faço do teto meu melhor amigo.
Travo diálogos comigo mesma. Relembro as coisas boas que têm me acontecido. Chego até a sorrir feito uma boba quando me lembro de algo que me deixou muito feliz.
Assim como muitos, também sou uma alma solitária dentro dos trens. Sento no meu canto, apoio a bolsa nas pernas e olhos para todas as pessoas que estão compartilhando esse momento comigo. Todos os dias são sempre assim.
Só que ontem, especialmente ontem, algo de diferente aconteceu. Sentada, observando a vida passar pela janela, notei que alguém se aproximava. Ergui a cabeça lentamente e disparei o olhar sonolento que sempre carrego comigo de manhã.
Pela surpresa, disse um “Você” estridente e cheio de exclamações depois do “ê”. A vítima de tal surpresa se sentou ao meu lado. Em menos de minutos, nossos braços se entrelaçaram. A saudade sozinha se transformou em saudade compartilhada.
Naquele instante, esqueci-me da janela, dos pensamentos corriqueiros e até mesmo de sorrir quando alguma lembrança aparecia na minha mente. É que o motivo de tais acontecimentos estava lá comigo.
Éramos duas almas solitárias que se encontraram por acaso e se transformaram em uma só. Éramos dois seres cheios de saudade que nem se importaram com as outras almas que continuaram ali, solitárias.

O trem parou. Saímos dele e cruzamos a plataforma de mãos dadas. Naquele instante, senti o mundo parar. Felicidade plena.

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