domingo, 17 de julho de 2011

O caos reina

Morte. Havia um corpo no centro da praça. Branco, gélido e deformado. Os transeuntes passavam e não notavam a presença dele. Uns desviavam, outros o empurravam, alguns simplesmente o ignoravam.
Diante de tanto descaso, senti vontade de cortar os pulsos. Só não arranquei o estilete do meu bolso e encenei uma cena de algum filme do Tarantino pelo choque que o conjunto da obra me causou.
Praça da Sé, centro de SP, 25 de março. As pessoas mais parecem formigas trabalhadeiras, cavalos com viseiras, robôs condicionados a fazer as mesmas atividades quando andam pelas ruas. Ninguém presta atenção em ninguém. É um tal de um empurrar o outro. De xingar pelas trombadas e bolsadas levadas por causa da distração e da pressa do dia a dia.
“Cuidar da casa, trabalhar, sustentar a família, economizar dinheiro e educar os filhos são algumas das minhas maiores preocupações”, desabafa uma mulher no ponto de ônibus.
Transportes públicos também são a prova de que os seres humanos nada mais são do que animais enjaulados que dividem o mesmo hectare sem ao menos poder se mexer. Homem ou mulher, velho ou novo, não importa, na hora de encontrar um lugar para se sentar é preciso ser muito macho.
As portas do trem se abrem. De um lado aqueles que desejam sair dele, do outro estão os que querem entrar. Tal situação mais parece uma guerra ou até mesmo uma competição de futebol americano. Difícil de acreditar.
Ao menos por um dia, bem que o caos poderia parar de reinar. O silêncio substituiria os barulhos da metrópole, a pressa se transformaria em um filme em câmera lenta e as pessoas teriam um pouco mais de paciência.
Desacelerar é o que todo mundo precisa.

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