Tinham um tom cinza e guardavam todos os mistérios do universo. Eles pareciam um portal. Um portal que não permitia a passagem de ninguém, nem com a apresentação de senhas. Saudade daqueles olhos. Amendoadas, castanhos, de cor púrpura. Olhos secretos. Olhos fechados. Olhos que transmitiam as mensagens do mundo.
Lembro-me da primeira vez que os observei. Tive de olhar para o céu, enfrentar a intensa luz solar. Havia um mistério neles. Um sorriso bobo invadia a sua face enquanto eu tentava inspecionar os mistérios da sua alma. A minha vontade era a de atravessar as suas pupilas, fazer um passeio pelo seu corpo e cair no seu coração.
Quem sabe assim. Quem sabe só desse modo você pararia de observar o horizonte e notaria quem está ao seu redor. Quem sabe. Ninguém... Não consigo desvendar as suas artimanhas, não sou capaz de entender os seus sinais. Não sou capaz de nada. Seja claro, por favor!
Segure-me pelos braços. Mire os seus olhos nos meus. Aproxime o meu rosto ao seu, quero sentir a sua respiração. Ofegante, cansada, dilacerante. Não me mova nem se mova. Quero apenas contemplar a cor das suas pupilas de todos os ângulos possíveis. Deixe-me aqui.
E aqui fiquei. Tardia, na espera, no aguardo e na vontade de navegar no seu olhar.
Mares revoltosos. É o que terei de enfrentar.
Um comentário:
bonito perceber alguém pelos olhos. como a maioria dos teus, parece escrito com mãos suaves.
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