quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quebrando a noite com cores.

Meus amigos ainda faziam piadas e me achavam louca porque dizia que você sorria para mim. Na realidade isso não me afetava mais já que os sorrisos continuavam, já que o segredo continuava sendo só nosso mesmo.
Você ainda desejava que eu ficasse sozinha quando estava com meus amigos, ainda olhava com rabo de olho com a intenção de dar um sinal, o sinal de que iríamos nos encontrar.
Já sabia do seu mistério, da sua intelectualidade, mas não esperava sua imprevisibilidade. Aos pouco fui notando que certos objetos apareciam repentinamente e não entendia o motivo. De fato, deveria ter notado que a única pessoa que faria isso era você, mas isso nem apareceu na minha cabeça. Como já disse, não imaginava que fosse imprevisível também.
Lembro-me que o primeiro sinal foi justamente no lugar onde eu me sentava para olhar o movimento. Encontrei uma rosa vermelha e pensei que tinha caído de algum lugar, logo depois notei que não existia nenhuma roseira perto de mim. Achei muito estranho esse fato, mas nem dei atenção para isso.
Os tais sinais continuavam e eu não entendia nada. Independente de como tenha aparecido ali, de como tenha começado, achei muito estranho achar aquele cartão dentro da minha bolsa. Ele dizia: “Linda menina, quebro suas noites com cores. Sei que não gosta de ficar sozinha no frio e mesmo assim adora olhar o movimento. Ontem foi uma rosa, hoje um bilhete... tudo para você se lembrar sempre, para sempre de mim.”
Fui para casa pensando naquelas palavras, lendo-as e relendo-as em todos os momentos. Aos poucos algumas ideias foram aparecendo na minha mente. A primeira delas era que ninguém além dos meus amigos sabia que eu ficava sentada justamente naquele lugar para olhar as pessoas passarem. Logo depois percebi que a rosa e o cartão tinham sido mandados pela mesma pessoa.
De repente, como um surto, como um estalo lembrei que você também sabia dessas coisas. Confesso que no início fiquei com um pouco de raiva, porque achei audacioso demais da sua parte mexer em objetos que não lhe pertenciam. Afinal, você tinha invadido duplamente a minha privacidade: mexendo na minha bolsa e colocando aquela rosa em um lugar que de fato era meu.
Estava pronta para falar contigo no dia seguinte, tinha bolado durante a noite modos sutis de descobrir se era mesmo você que tinha feito aquilo. Por ironia do destino não consegui descobrir nada, nada além de mais uma carta na bandeja do lanche que pedi naquele dia. Ela dizia praticamente as mesmas coisas, só que uma frase que não estava lá me surpreendeu: “... foi uma rosa, aquele bilhete, ontem foi um mistério, hoje algo mais te espera...”
Fiquei assustada e curiosa para saber o que me esperava. Acabei de comer o lanche, tinha certo tempo livre e resolvi andar um pouco. Notei alguns ruídos estranhos entre as árvores perto do lugar onde passava. Nem dei muita atenção para isso porque estava ventando muito naquele dia. De repente e novamente escutei uma respiração além da minha. Pensei que eram delírios da minha mente, foi ai que me enganei.
Conforme eu passava sentia um aroma diferente também. Um cheiro desconhecido e gostoso por sinal. Aquilo foi me deixando com medo e resolvi apressar os passos. Acredito que você tenha percebido minha atitude quando se aproximou silenciosamente, tocou meus ombros, depois meus cabelos e sussurrou nos meus ouvidos: “Essa é a essência daquela rosa que lhe dei e foi a minha forma de mostrar que meus sorrisos ainda são só seus, linda menina.” Fiquei chocada naquele momento, nenhuma palavra saia da minha boca, lágrimas caiam dos meus olhos, foi ai que um lindo e longo abraço ocorreu.
Como de costume o nosso combinado foi de que eu não contasse para ninguém tais fatos que tinham ocorrido. Logicamente topei, e resolvi guardar tudo aquilo somente para mim mesma. Eu era dona dos seus sorrisos, agora de seus abraços...


Para entender melhor:

Sorriso Secreto (parte 1)
Último Romance (parte 3)
Sinceramente (parte 4)

3 comentários:

Diego Costa disse...

Adoro histórias de amores.. Estrango dizer isso, mas aprendi a gostar. Parabéns!

Daniele disse...

Simplesmente lindo e perfeito!
Amei o seu texto, a história é linda, o romantismo descrito é maravilhoso, amo romances.
Parabéns!

Diego Costa disse...

Errata. Estranho