quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Montauk...
- Encontre-me em Montauk
Foi exatamente essa frase que eu disse quando tive que ir embora. Não especifiquei tempo, horário, e muito menos nada. Você tentou me segurar na estação pra que eu explicasse como as coisas seriam quando nos encontrássemos de novo. Quis também que eu ficasse, quis saber exatamente quando nos veríamos novamente.
Logicamente eu não disse nada, só sussurrei isso no seu ouvido e sai desembestada atrás do trem que tinha que pegar. Fiz isso porque nem eu sabia quando as coisas aconteceriam, era o tempo que tinha que trabalhar nisso mesmo. A gente não influenciava em nada, só tínhamos que nos deixar levar.
O trem se movimentando, eu dentro dele, você do lado de fora olhando e acompanhando o vagão onde eu estava. Quando ele começou a acelerar você corria de desespero, queria poder evitar minha partida. Passava a mão no vidro, queria um último contato. Eu querendo chorar, mas segurando as lágrimas. Não podia transparecer fragilidade, tive que ser forte por nós dois.
Dias se passaram, não nos comunicávamos porque não deixei nenhum telefone e nenhum endereço contigo. Às vezes eu te ligava para ouvir sua voz, para ouvir sua respiração. Mesmo longe eu estava presente. Sabia dos seus passos, da sua rotina, de tudo que fazia. Suas manias continuavam as mesmas. Você não tinha mudado em nada.
Tínhamos sintonia ainda. Fazíamos praticamente a mesma coisa no mesmo momento. Certas vezes eu ficava em casa revendo nossas fotos, lembrando de você, pensando no que estaria fazendo. Sei que no começo você sofreu muito, assim como eu. Sei também que resolveu esperar o momento certo. Esperar o tempo certo para nos vermos novamente.
Fui para a estação de Montauk umas duas vezes, não te encontrei lá. Fiquei sentada por horas em um banco, você não apareceu. Confesso que comecei a me arrepender por ter ido embora. Só que eu precisava de um tempo para mim, queria crescer interiormente, ser o melhor para você.
Meses se passaram, fiquei sabendo que você tinha ido para lá também e não me encontrou. Fiquei sabendo que ficou sentado em uns dos bancos me esperando, e eu não aparecia. Sintonia distinta é esse o nome que dou para esse fato. Mesmo sabendo que isso tinha acontecido, sentia que a hora de nos reencontramos estava chegando.
Lembro-me que em um belo dia de muito frio, após ter tomado café da manhã, senti que algo diferente aconteceria. Resolvi andar sem rumo, sem destino. Sentir o vento na cara e ver até onde eu chegaria com isso. Meus pés se guiavam por si só, eu não tinha controle nenhum sob eles.
Aos poucos fui reparando que eles estavam me levando para a estação de trem. Achei estranho, mas não conseguia controlá-los. Quando finalmente entrei, olhei e vi que tinha somente um rapaz sentado em um dos bancos. Fui me aproximando, reparando na roupa que vestia, na fisionomia. Era você, você estava lá me esperando.
Passei alguns minutos te observando, notando que lágrimas caiam de meus olhos. Em um momento você se levantou, já estava indo embora quando eu te chamei pelo nome. Ficamos parados um observando o outro de longe. Aos poucos fomos nos aproximando e finalmente um abraço aconteceu.
Dizíamos palavras lindas, não queríamos nos separar novamente, mas ambos sabiam que tanto tempo longe, afinal, tinha feito bem para gente. Sabíamos que muitos erros tinham que ser corrigidos, porque sempre uma separação poderia acontecer. Resolvemos dar mais uma chance para gente, consertar as coisas que estavam erradas. E vivemos assim sempre. Vivemos assim sempre, de Montauk até outro lugar que gostaríamos de ir.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Lindo Gabi!
O mais estranho é que eu penso em alguma coisa, e você escreve. Vivemos em uma sintonia. Acho que meus pensamentos inspiram os seus, mesmo estando longe um do outro.
Orgulho de ver o seu amadurecimento e saber que fiz parte disso. Seus textos estão cada vez melhores.
Postar um comentário