Não consegui descobrir como você tinha arrumado o número do meu celular. Pelo que te conheço você não seria capaz de pedi-lo para ninguém, já que o nosso acordo era de que tudo ficasse somente entre a gente.
Achava lindo tudo o que você fazia por mim e para mim. Era encantador saber que seu sorriso era só meu, que seus abraços pertenciam somente a mim também e que você cantou “último romance” da última vez. Por conta de tudo isso, resolvi fazer algo que te surpreendesse também. Pensei em pedir ajuda dos meus amigos, mas eles ainda me achavam maluca. Ainda acreditavam que tudo era criação da minha mente.
Em um breve surto de criatividade resolvi que escreveria algo ou que utilizaria as palavras de alguém para expressar o que sentia. Tantas músicas me lembravam você. Cada momento pertencia a um trecho de um poema, de um texto e até mesmo de uma simples canção.
Pensei em desistir, deixar que só você me surpreendesse. Foi ai que resolvi sumir por alguns dias e só voltar quando tivesse algo lindo e belo para oferecer.
Meus amigos chegaram a me ligar dizendo que você passava horas sentado no lugar onde ficávamos. Diziam também que você passava os dias mais calado do que o normal, e que tinha uma imensa tristeza no olhar.
Confesso que me senti culpada no começo e que morria de vontade de atender sua ligações, mas eu não podia fazer isso. Você logo seria recompensado com uma surpresa que eu ainda não tinha bolado, com algo que nem eu sabia o que era.
Alguns dias foram se passando até que a grande ideia apareceu. Meus amigos ainda me informavam sobre você e diziam que te viam triste demais, e que até chegou a perguntar de mim. O que achei estranho. A sorte é que mesmo assim ninguém desconfiou de nada; mesmo reclamando achava interessante só a gente saber do que realmente se passava. Talvez fosse essa a nossa graça.
O grande dia chegou e finalmente tinha escolhido a música que cantaria para você. Minha voz não era lá das melhores, mas queria provar para você o quão especial era para mim.
Cheguei bem mais cedo do que de costume e vi as inicias de nossos nomes escritas no lugar onde ficávamos. Aquilo me emocionou muito, confesso.
Era uma noite fria e eu tinha passado aquele perfume que você adorava. Vi você vindo de longe. Reparei que não estava bem mesmo. Tentei me esconder atrás de alguns carros e escutei você me chamando, dizendo que queria me ver e que estava ficando maluco porque até o meu cheiro você já sentia.
Foi nesse momento que reapareci, tapei seus olhos e cantei: “sinceramente você pode se abrir comigo, honestamente eu só quero te dizer que eu acertei o pulo quando te encontrei. Que eu acertei o pulo quando te encontrei.”
Você simplesmente se levantou, eu continuava com as mãos em seus olhos e comecei a sentir umas lágrimas caírem deles. De repente você se virou, ficou um tempo olhando para mim e me abraçou.
Durante o abraço eu dizia que tinha sentido saudades, que sumi para ver se conseguia fazer algo por você. Você implorou para que eu não sumisse mais daquele jeito, e que parecia que uma parte sua desaparecia a cada dia que não me via.
Notei seu desespero no momento em que beijou minhas mãos e minha face. Continuei a cantar, dizia que gostava muito de você e que não seria capaz de te deixar.
Você, ainda emocionado, dizia que eu não precisava fazer nada para provar o que sentia, e que só o fato de ter aceitado seus sorrisos, seu jeito de ser e de ter perdoado seu sumiço repentino, eu já tinha provado o que sentia.
Na realidade precisei de tudo isso para notar que não estava sendo enganada. De fato seus sorrisos eram meus, seus abraços também. Minhas palavras e atitudes eram suas, só suas...
Para entender melhor:
Sorriso Secreto (parte 1)
Quebrando a noite com cores (parte 2)
Último Romance (parte 3)
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