domingo, 18 de outubro de 2009

Domingo, 18 de outubro, às 15:00

Datei o cabeçalho do papel sem ao menos saber o que escrever. Acabo de terminar aquela frase e ainda não tenho noção do que colocar nesta que escrevo agora. Na minha mente reticências, na televisão o barulho dos carros da F1.
Como num estalo, deixo a minha mão dar sequência linear ao que minha mente quer transmitir. Ainda penso nas reticências e em quantos pontos finais já aconteceram na minha vida. Observo a poltrona marrom em que estou sentada; noto que acabei de tirar a mão esquerda da face. Do meu lado direito, vejo meu estojo. Tenho os pés fora do chão; não por estar sonhando, mas por tê-los sobre a poltroninha marrom.
Penso, paro, penso novamente e paro. O lápis se hesita a tocar o papel, mas acaba não resistindo e torna a escrever. Na mente, pensamentos oblíquos, obtusos, sem nexo nenhum. As eternas reticências persistem em existir, querem por que querem aparecer por aqui.
A mão esquerda toca novamente a face, fico tempos olhando para o papel pensando no que escrever. Atrás de mim há uma janela, viro a cabeça por instantes para ver se o sol continua lá fora.
O sol lá fora e eu aqui. Mesmo sem relação próxima, sinto que ele me observa, sinto que ele me aquece. As mesmas pernas que se encontram elevadas, recebem no colo o caderno onde transmito meus pensamentos.
O mesmo caderno, agora desenhado, recebe minha grafia. Grafia pequena, que se confunde entre a letra “s” e “r” – quando feitas rapidamente. Para dar conclusão ao raciocínio, sinto imensa vontade de ir até as primeiras páginas do mesmo; decido não ir. Prefiro dar voz a imaginação e imaginar exatamente o que há no começo desse caderno.
Imagino; folheio o mesmo como quem não quer nada. Apoio minha mão sob meu rosto. Fico novamente pensativa sobre o que escrever. Sinto vontade de dizer muitas coisas, mas ainda não sei como passar tudo para o papel.
Noto que há duas linhas embaixo desta que escrevo agora. Sinto a necessidade de concluir o que escrevo; na televisão o barulho dos carros da F1, na minha mente as reticências.

Um comentário:

André Luiz . disse...

o mesmo caderno agora desenhado,ocasionalmente,razão das suas reticências...