Sala vazia, apartamento inteiramente decorado em tons de vermelho. Apenas o som ambiente no ar; aquele silêncio ensurdecedor que incomoda qualquer um, que faz com que as gotículas de água fiquem mais aparentes quando caem da torneira. No coração aquela espera, o pensamento longe para que alguém bata na porta. Durante o preparo da torta de ameixas – sua especialidade – nota-se a falta de um dos ingredientes primordiais: o fermento. Envolvida por tamanha distração, pelo desejo de que alguém específico apareça, começa a imaginar seu amado oculto na vendinha de baixo comprando o tal condimento.
Sente-se esperançosa até o ponto que escuta o tilintar das cortinas. Infelizmente não era ele, e sim seu animal de estimação. O silêncio se torna mais ensurdecedor, e só suas lágrimas caladas fazem parte do seu próprio drama.
Como já dizia o pintor: "Então, minha querida Amélie, não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance, então, com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto. Então, vá em frente, pelo amor de Deus." E foi em frente, resolveu seguir, lutar pelo seu romance oculto. Um romance de tão oculto que parou de ser sonho e virou realidade.
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