Na espera
Fiquei te esperando no meio do nada, como quem não quer nada; nada além de um sorriso, de um gesto que faria do meu dia um dia ganho. Aquela preocupação bateu no fundo do peito. Tentei disfarçar, destorcer a mesma, mas não deu. Um desaparecimento seu, mesmo que seja por instantes já tem o poder de mudar completamente a rota do vento, a rota lunar, a rota do meu dia. A rota de mim perante eu mesma.
Virou um motivo a mais pra eu acordar, um motivo a mais pra sair de casa nas noites frias de inverno, nas noites frias dessa primavera estranha, em qualquer noite semanal, nas horas. Conto as horas pra poder ao menos te observar, pra sentar perto, pra ficar junto sem estarmos juntos de verdade.
Perambulo por ai, forjo pequenas caminhadas só pra ver se te encontro por ai, só pra poder dizer que criei um acaso, um pretexto pra nos vermos. E quando nos vemos, finjo que não queria, finjo que nada é comigo. Deveria falar mais contigo, deveria me aproximar mais; mas a graça está em te observar. A graça está em te olhar, em te admirar.
Mudo meu caminho quase diariamente, atraso os passos pra ver se você passa, pra ver se você me ultrapassa. Mudo minha rota, crio um simples pretexto de comprar um suco só pra te ver chegar, só pra te observar e tirar minhas conclusões se está bem ou não.
Às vezes, quando nos esbarramos por ai, quando você abre um singelo sorriso, um sorriso tímido, eu me estraçalho por dentro, fico em total êxtase. Quando você me olha sério, com olhar triste, fico preocupada. Sinto necessidade de fazer algo, sinto necessidade de tapar seus buracos.
Ah! Quem me dera fazer parte de sua vida de um modo mais intenso, de um modo mais sentimental. Quem me dera poder ser dona de suas criações, dona de seus pensamentos. Quem me dera poder fazer com que o junto seja junto mesmo. Quem me dera, quem me dera... Suspiro, suspiro.
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