sábado, 11 de setembro de 2010

Estações de trem e kms de distância

Além de terem o gosto musical e cinematográfico parecidos, Sofia e Clarice tinham a saudade e a distância como ponto em comum. O que separava a primeira de alguém que considerava muito especial eram apenas algumas estações de trem. Enquanto a outra convivia com os longos quilômetros de distância que a separavam de quem tanto amava.
Vez ou outra Clarice se deslocava até a cidade do ser amado. E quando retornava, era a pessoa mais feliz do mundo. Voltava doce, cheia de histórias e com um brilho no olhar totalmente diferente. Dava até gosto de ver.
Mesmo sabendo que era só ir até a estação de trem de sua cidade, comprar a passagem e entrar em um vagão e logo após descer em uma das paradas, Sofia não se sentia a vontade de ter a mesma atitude que sua amiga. O motivo? Além de não saber se gostariam de vê-la, temia um possível desencontro. Por isso, passava os dias desejando encontrar, por acaso, quem tinha vontade de ver.
Apesar de as duas dividirem do mesmo sentimento, a história que viviam era completamente diferente. Clarice tinha seus contratempos com a pessoa amada, mas conseguia solucionar tudo com maestria. Já Sofia, depois de tantas tentativas, trocou o amor pela desistência. E a desistência pela saudade.
E falando em saudade, ambas eram experts no assunto. Juntas, descobriram que esse sentimento dói demais. Dói tanto que chega a apertar o peito. Mas no fundo sabiam que ele seria capaz de transformar o reencontro em algo bonito e cheio de emoção.
É fato que o amor é a base da vida das duas. Que de tanto amar, elas se dedicam totalmente àqueles que gostam. E que apesar do saudosismo, das estações de trem e dos kms de distância, o tempo é o único que pode cuidar de seus destinos. Elas sabiam disso. E o amor, o amor é um ciclo.

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