Você compra um maço de cigarros e o fuma inteiro achando que todos os seus problemas irão embora junto com a fumaça que sai da sua boca. Você toma longos goles da bebida mais forte acreditando que a falta de sobriedade te deixará mais solto e mais leve.
Você perde a razão, a vergonha na cara e pega o primeiro pedaço de papel que encontra na frente e começa a escrever. Com a grafia tremida, faz questão de se lembrar o motivo que o levou ali. Agradece pelos instantes de insanidade. E pede proteção para aquela que sempre amou.
Faz lista de desejos e destaca o item “amar de novo” com letras grandes. Lembra do passado e deseja o futuro. Quer ir embora, mas não pode. Não consegue. Sente o corpo pesado e os pés parecem estar grudados no chão.
É. Você está mal.
Sente os olhos fechando, a boca secando e a uma vontade súbita de ser alguém melhor o toma por inteiro. Ergue a cabeça, estica os braços e se levanta. Sai do bar pisando torno, todo tonto.
Caça um cigarro no bolso da calça. Não encontra. Fumou tudo. Procura dinheiro extra no outro bolso. Só tem o que separou para passagem de trem. Por isso, desiste de fumar.
Você sente que o álcool não está mais no comando. E por incrível que pareça, se sente em paz. Deseja o bem a Deus e ao mundo. Se sente pleno, plenamente feliz.
Chega à estação, pede a passagem e se senta em um dos bancos da plataforma. Olha para o céu e vê que a noite está se transformando em dia. Se sente completo.
Escuta o aviso que o trem está chegando, e ao longe, enxerga que ele está se aproximando. As portas se abrem e você entra. E ao entrar, sente que a vida está te levando para outro caminho.
Um caminho melhor, talvez.
Um comentário:
É bom vir aqui e ver que essa mudança toda continua.
Continua externando isso daí, que daqui eu te redescubro a cada texto.
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