Novembro

Já é madrugada e como sempre, ainda estou acordada. Não tenho sono, apesar do cansaço. A cama desarrumada, edredons embolados no lençol. O vento gelado entre pela janela do meu quarto, está frio.
Ao meu lado, o caderno de textos que usei em 2009. Tantas lembranças e recordações. Um texto e alguns desenhos feitos por um amigo da época. No meu colo, a almofada do Radiohead e sobre ela, o notebook.
Pauso, apago, volto a digitar. Penso, organizo as ideias e as transformo em palavras. Os ouvidos são contemplados com “Primeiro de agosto” do Transmissor. “Já não passo o tempo se contar, e o mundo inteiro fora de lugar.” A música está no repeat, já perdi as contas de quantas vezes já a ouvi.
Dentro de mim há felicidade. Um emprego novo, novos colegas. Rotina de redação de jornal. Escrever, escrever e escrever. Tudo isto está me fazendo um bem enorme. Já faz três semanas, e que elas se quadripliquem por muitos anos.
Ainda dentro de mim, há a saudade. Saudade dos amigos que deixei de conviver, mas que continuam sendo importantes e essências na minha vida. E apesar de ter me transformado em ausência, o carinho que sinto é enorme.
Não sei bem se o céu está estrelado. Se a lua resolveu dar as caras. E muito menos o que as corujas estão fazendo por aí. Falando nelas, há quatro delas sobre a mesinha do quarto. Uma de pelúcia, outra artesanal e tem mais duas que deveriam ser usadas como cofrinho.
Preciso de um bloco de notas e de uma agenda telefônica. Preciso ler as revistas que comprei e a HQ de Persépolis. Preciso de tanta coisa. De tanta coisa que ainda nem sei.
Não fiz planos para novembro e nem tenho intenção de fazê-los. Tenho apenas vontades. Inúmeras vontades que aos poucos se tornarão realidade. No mês que antecede o Natal, quero caminhar sem pressa e sentir os dias passarem devagar.
Um dia de cada vez, sem adiantar os passos.