domingo, 10 de fevereiro de 2013

A casa da avó

Assim que tocava a campainha daquela casa uma senhora logo surgia e abria o portão. Simpática e de bom coração, a primeira pergunta que fazia era se eu estava bem. Entrávamos e íamos direto para a cozinha. Lá, ela preparava os meus pratos prediletos e fazia de tudo para me agradar. Sem contar os momentos que assistíamos à televisão, e aqueles em que eu mudava de canal só para pentelhá-la.

Passei anos da minha vida frequentando aquele lugar. Um lar cheio de amor, ternura e encanto. Paredes pintadas de salmão, um pequeno jardim na área principal do lar. Nos fundos, mais plantas, que eram cuidadas com muito carinho. Ao lado, um quintal, espaço em que brincava de futebol, de apostar corrida, de esconde-esconde, dentre outros tipos de diversão. Aprontei muito naquele lugar.

O tempo foi passando e a senhora envelhecendo. Acometida por uma doença, teve de passar um período longe de sua moradia. Apesar disso, eu continuava passando por lá. Era estranho ver o seu quarto vazio, porém, sabia que ela voltaria para lá. E voltou, não do jeito que a família esperava, mas mesmo assim retornou.

Anos se passaram após o seu falecimento. Por um tempo, as filhas e o filho da querida senhora habitaram aquele espaço. No entanto, cada um teve de seguir o seu caminho e a casa, vendida.

Admito que foi bem difícil ter de me acostumar com a ideia de que não poderia mais entrar ali, nem continuar a viver grandes momentos naquele local. Era estranho passar na frente e imaginar que o espaço em que vivi a minha infância, de certo modo, não fazia mais parte da minha rotina. Que não tocaria a campainha e daria de cara com aquela simpática senhora.

Enfim, depois de um longo período, este ano, a casa foi finalmente vendida. À noite, vi luzes acessas. No dia seguinte, indo para o trabalho, passei em frente novamente. Na área, havia dois cachorros brincando, serelepes. Ao lado, alguns móveis que seriam futuramente guardados em alguns dos cômodos. Além dos peludos, creio que há crianças morando lá. Uma família.

Apesar de sentir uma imensa vontade de bater naquela porta e comentar que passei ótimos momentos lá, prefiro desejar, nem que seja mentalmente, a felicidade para os novos habitantes. Que, assim como eu, eles conseguiam construir lindas histórias ali. Que as crianças cresçam rodeadas de muito amor, que os outros membros da família sejam bem recepcionados e que tudo dê certo. Sempre.

Espero que vocês cuidem bem daquela casa e que a amem assim como eu.

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